Hoje
Máx C
Mín C

Coleção de Arte Contemporânea

Esta exposição reúne um conjunto de obras do acervo do Museu do Vidro que representam cerca de 25 anos de vidro de expressão plástica contemporânea realizado em Portugal. Contempla também uma seleção de obras em vidro de artistas internacionais que foram sendo adquiridas ou doadas para a coleção de arte contemporânea do Museu do Vidro.

Encontram-se organizadas cronologicamente, desde meados da década de 80 do séc. XX até à atualidade.

1986-1996

Durante a segunda metade da década de 80 do séc. XX regista-se na Marinha Grande uma das mais importantes tentativas de desenvolvimento da arte contemporânea do vidro em Portugal.

Victor Carvalho, Presidente do Conselho de Gerência da Fábrica-Escola Irmãos Stephens (FEIS) entre Novembro de 1986 e Janeiro de 1989, numa tentativa de exploração das técnicas tradicionais de trabalhar o vidro com uma linguagem contemporânea, realiza vários convites a diversos artistas para trabalharem na fábrica.

Esta iniciativa resultou no contacto dos artistas nacionais com o vidro enquanto material de expressão plástica, com as técnicas tradicionais do vidro moldado soprado e na criação de um espaço privilegiado para a troca de experiências e de saber-fazer entre os artistas internacionais, os vidreiros da fábrica e alguns artistas nacionais.

Resultou ainda na realização de algumas exposições, um workshop internacional e a colaboração mais ou menos permanente com alguns artistas.

De entre os artistas que trabalharam na fábrica durante este período contam-se: Dale Chihuly, Erga Rehns, Bernard Dejonghe, Antoinne e Etienne Leperlier, Isabel Monod, Jean-Paul Van Lith, Matei Negreanu, Czeslaw Zuber e Yan Zoritchak.

1986-1996

Registam-se na mesma época as iniciativas de outros artistas marinhenses, como foi o caso de Gama Diniz e das suas séries de quadros alusivos ao fabrico do vidro que tem produzido até à atualidade, ou de Júlio Liberato dos Santos, que se consagrou na Austrália enquanto artista do vidro, e que alia a utilização de técnicas tradicionais como a da filigrana à produção de objetos em vidro de expressão contemporânea.

A mudança de administração e o posterior encerramento da FEIS em 1992 suspenderam este processo criativo que só seria retomado alguns anos mais tarde, num esforço conjunto e por iniciativa da Câmara Municipal da Marinha Grande, do Museu do Vidro, de algumas empresas da área do vidro na Marinha Grande e algumas entidades nacionais.

Esta mostra conta ainda com esculturas em vidro laminado da autoria de Maria Helena Matos, realizadas em finais da década de 80, princípios de 90 do séc. XX.

 
Além do papel determinante que desempenhou na área do design industrial em Portugal - e particularmente no design de vidro – a partir da década de 60 do séc. XX, Maria Helena Matos teve um papel importante ao nível da arte contemporânea em vidro em Portugal, tendo criado até meados de 2000 várias esculturas para edifícios e coleções públicas e privadas em vidro laminado.

A ela se deve a criação do Núcleo de Arte e Arquitetura Industrial do Instituto Nacional de Investigação Industrial - organismo vocacionado para a pesquisa, desenvolvimento, promoção e divulgação junto dos industriais do design industrial.

1996-2012

Durante a década de 90 do séc. XX inicia-se um novo período de desenvolvimento das artes plásticas do vidro em Portugal, que resultou de uma conjugação de vários fatores:
O trabalho individual ou coletivo realizado, quer pelos artistas portugueses que apostaram no vidro como material de expressão plástica contemporânea, quer pelas entidades públicas e privadas promotoras de projetos culturais, artísticos e industriais nesta área;
A realização das Bienais de Artes Plásticas do Vidro da Marinha Grande, iniciadas em 1996 (a primeira inteiramente dedicada ao vidro realizou-se em 1998), e cuja última edição se realizou em 2010;
As exposições e workshops organizados desde 1999 pela Câmara Municipal da Marinha Grande/Museu do Vidro, em parceria com a Associação Portuguesa do Vidro e algumas fábricas de vidro (Jasmim, Mandata, JM Glass, entre outras), com a consequente abertura das mesmas aos artistas nacionais e estrangeiros.

As exposições de arte contemporânea organizadas pelo Museu do Vidro, cujos principais objetivos têm sido dar a conhecer o trabalho que tem vindo a ser realizado por diversos artistas que escolheram o vidro como material para a realização artística, bem como a divulgação do vidro nas suas várias vertentes e características, incentivando cada vez mais a sua utilização nas artes plásticas.

 

Estas exposições têm assumido um papel fundamental na divulgação e consagração da arte em vidro e dos seus artistas.

O criação do CRISFORM – Centro de Formação Profissional para o Setor da Cristalaria (atualmente CENCAL) e mais recentemente os projetos e workshops desenvolvidos pelo VICARTE (Unidade de Investigação Vidro e Cerâmica para as artes), Faculdade de Belas Artes de Lisboa e do Porto que tiveram e continuam a ter um papel fundamental ao nível da formação técnica, estética e artística nesta área.

1996-2012

Após a abertura do Museu do Vidro em 1998, e na sequência de várias exposições internacionais que passaram pela Marinha Grande, começa a ser constituída a coleção de arte contemporânea internacional em vidro através da aquisição de algumas obras de artistas de vários pontos do mundo.

Além da incorporação das obras que alcançaram os primeiros prémios das bienais de artes plásticas da Marinha Grande, o Museu do Vidro adquiriu ou incorporou por doação algumas obras de artistas nacionais, estando representados cerca de três dezenas de artistas portugueses.
Embora a coleção não seja muito extensa, estão representadas várias sensibilidades e abordagens estéticas e artísticas nas quais o vidro é primordialmente utilizado.

A partir de meados de 2006/2008 fruto da conjuntura económica, a indústria do vidro na Marinha Grande inicia um processo de mudança radical. A grande maioria das empresas de cristalaria fechou, tal como se tem vindo a verificar em vários centros vidreiros da Europa, desaparecendo as fábricas que até então eram utilizados para a experimentação e criação artística.

Esta mudança conjuntural coloca um novo desafio à arte contemporânea em vidro em Portugal. Se nos outros países da Europa a implementação do “studio glass movement” (criação artística em vidro soprado moldado, em pequenos estúdios dos próprios artistas, em vez de o realizarem em fábricas) foi decisiva, em Portugal esta tendência não se tem verificado.

Haverá assim que encontrar alternativas que permitam continuar o desenvolvimento desta importante área do vidro.