SESSÃO DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL EVOCATIVA DO 25 DE ABRIL

25 de abril de 2023 | Teatro Stephens

"Senhor Presidente da Assembleia Municipal

Senhoras e Senhores Vereadores da Câmara Municipal

Senhora e Senhores Presidentes de Junta de Freguesia

Senhoras e Senhores Deputados da Assembleia Municipal

Comunicação social

Minhas Senhoras e meus Senhores

É um privilégio celebrarmos, em liberdade, os 49 anos do 25 de Abril.

Começo a minha intervenção com uma estrofe do poema “As Portas Que Abril Abriu”, de José Carlos Ary dos Santos, com que terminei o discurso na noite de ontem, na Praça Stephens:

“Agora que já floriu

a esperança na nossa terra

as portas que Abril abriu

nunca mais ninguém as cerra.”

É com este espírito que considero que devemos celebrar esta efeméride e torná-la uma realidade, todos os dias.

Foi preciso a audácia e luta de alguns, para alcançarmos a Liberdade, a Democracia e a Igualdade de Direitos de todos.

Esta é uma data com enorme relevância para a Marinha Grande, ou não fossemos de uma terra de lutas e convicções. Já em 1934 os nossos antepassados haviam tentado erguer um golpe de Estado semelhante.

Apesar do movimento dos operários vidreiros não ter encontrado expressão a nível nacional, 40 anos antes da revolução dos cravos, a Marinha Grande mostrou a garra de que é feita.

Foi com espírito de coragem que aqueles que lutaram por concretizar a revolução, venceram o medo e a repressão, para abrir novos caminhos, novos horizontes.

O 25 de Abril devolveu-nos o sol da liberdade, o brilho dos olhos focados na esperança do amanhã e o calor dos abraços pela alegria de podermos, finalmente, viver em comunhão e sem perseguição.

A revolta do 18 de janeiro de 1934 e o 25 de Abril de 1974, fazem-nos perceber o que é ser marinhense, transparecendo a alma desta terra, contemplando os feitos dos nossos antepassados, observando a sua repercussão nos dias de hoje e projetando o futuro próspero que ambicionamos.

Ser Marinhense é viver o espírito de Abril nas mãos empreendedoras dos nossos empresários, no desempenho dos nossos trabalhadores, na criação de emprego, na dedicação às causas sociais, na entrega ao movimento associativo, na implementação de medidas que permitam a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Vivemos dias desafiantes, num contexto global fortemente instável, com repercussões políticas, económicas e sociais.

O aumento do custo de vida acarreta dificuldades para as famílias e incertezas legítimas, mas que, nos cabe, tentar contrariar.

Tal como os cidadãos e as empresas, o Município também sente esses constrangimentos, com o aumento das despesas correntes, nomeadamente relacionadas com a energia, o gás, os combustíveis, o tratamento dos resíduos sólidos, matérias-primas, as refeições escolares, as revisões de preços extraordinárias, entre outros custos que cresceram com o aumento da inflação.

A este aumento destas despesas há que juntar os gastos com pessoal decorrentes da integração nos quadros da autarquia de centenas trabalhadores transferidos no âmbito da delegação de competências nas áreas de educação, saúde e ação social, bem como o reconhecimento dos gastos com as férias e subsídio de férias dos trabalhadores afetos às transferências de competências e que foram registados em 2022.

Acreditamos que as autarquias têm mais competência para gerir os dinheiros públicos que o estado, por isso confiámos no governo quando transferiu as competências do Estado para as autarquias, nas áreas da saúde, educação e ação social. Foi um presente envenenado, que para alem do diferencial que temos de suportar entre o que pagamos e o que recebemos, tivemos de receber também escolas e centros de saúde com as obras necessárias para a requalificação dos respetivos edifícios, sem o respetivo envelopes financeiro.

Esta é a realidade que também vivemos, 49 anos após as conquistas da revolução.

Mas, como autarcas, sentimos que temos a oportunidade de retribuir à cidade, ao concelho e ao País, tudo o que nos deram, vamos lutar para conseguir fazer o que ainda falta, erguendo esforços para executar medidas que enfrentem esta situação e permitam que continuemos a garantir a qualidade de vida, bem-estar e segurança das nossas populações.

Somos um concelho do qual nos devemos orgulhar, procurado por muitos imigrantes que nos escolhem para ter paz, segurança, emprego, escola, cultura e qualidade de vida.

O espírito que motivou o 25 de Abril, deve estar presente na forma como acolhemos os novos cidadãos da nossa terra, os novos marinhenses, vieirenses e moitenses.

Tenho orgulho de fazer parte de uma geração que lutou pela Liberdade e que continua a lutar por uma sociedade mais justa, respeitadora e solidária.

É este o espírito de Abril que nos deve unir, num esforço comum, pelo bem de todos.

Nestes dias de comemorações faço votos para que a chama da luta e da perseverança continue acesa e nos permita construir o futuro com esperança e determinação.

Viva o 25 de Abril!

Viva a Marinha Grande!

Viva Portugal!"

Aurélio Ferreira - Presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande