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Liberdade de Expressão e discurso de ódio: Consequências para o campo jornalístico

Liberdade de Expressão e discurso de ódio: Consequências para o campo jornalístico
Autoria de Bruno Frutuoso Costa

 

Trinta e uma jornalistas dos principais meios de comunicação participa- ram num estudo pioneiro conduzido a partir da Universidade de Coimbra. Assente em modalidades híbridas e dinâmicas entre meios e suportes, a violência presencial e digital contra jornalistas assume contornos expressivos em Portugal. Todas as participantes experien- ciaram alguma forma de agressão ou estiveram na presença de ambientes hostis. A auto censura e a indisponibilidade para determina- dos temas ou secções jornalísticas são algumas das consequências mais impactantes.

Num momento marcado pela ascensão e consolidação de movimen- tos populistas, de partidos de extrema-direita, e da violência contra jornalistas no panorama internacional, o livro “Liberdade de expressão e discurso de ódio: Consequências para o campo jornalístico”, publi- cado pela editora Media XXI, foca-se no caso português e nas singularidades da violência de género.

Partindo de entrevistas com 31 jornalistas que trabalham na imprensa, televisão, digital e agências de notícias, o autor refere que os princi- pais objetivos passaram por “identificar a natureza, tipologia, frequência, e meios de suporte das violências presenciais e digitais, com o intuito de explorar as consequências pessoais e para o exercício da atividade jornalística”. “Pretende-se trazer para o debate público uma reflexão sobre o rumo da democracia portuguesa e que papel terão os média nesse futuro”, perspetiva Bruno Frutuoso Costa.

Inês Amaral e Rita Basílio de Simões, professoras da Faculdade de Letras e orientado- ras da investigação, consideram que esta obra é de “grande substância académica e interesse para a sociedade civil, numa era em que a digitalização tem vindo a acen- tuar as desigualdades de género e a perpetuar violências”.

As investigadoras, do CECS e do ICNova, respetivamente, afirmam que essa pro- posta, concebida no âmbito do mestrado em Jornalismo e Comunicação – Investigação, da FLUC, e agora publicada em livro, traduz-se num “interessante ângulo de abordagem”, onde “o pós-feminismo domina as representações sociais e as construções identitárias das mulheres nos média. Assumem a igualdade de género como factual, mas, em simultâneo, verificam registos de opressão que afe- tam as mulheres”, explicam.

“Esta investigação incomoda. É inconveniente para as direções jornalísticas, pas- sando pela própria classe profissional, sociedade civil, poder político, entidades reguladoras até ao próprio poder judicial, uma vez que conseguimos ir ao encontro de todo o tipo de violências, e demonstrar como estes organismos se mobilizam e inter-relacionam a partir das suas esferas de status quo”, explica o autor. Este livro contou com apoios diretos, do Santander Universidades Portugal e da editora Media XXI, e indiretos, através da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Bruno Frutuoso Costa Universidade de Coimbra
Natural da Marinha Grande, o jovem investigador de 24 anos interessa-se pelas áreas das ciências da comunicação, do jor- nalismo e das questões de género e sobre temáticas relacionadas com o discurso de ódio, a misoginia e as repre- sentações sociais e mediáticas. Convidado a integrar diversos projetos de desenvolvimento técnico e de investiga- ção científica desde 2015, conta ainda com uma experiência de intercâmbio numa das mais prestigiadas universidades do sul do Brasil.

 

Fonte: Bruno Frutuoso Costa