Hoje
Máx C
Mín C

Obra de António Esteves em exposição

A exposição “António Esteves, a arte de trabalhar o vidro” será inaugurada no Museu do Vidro, na Marinha Grande, no dia 11 de julho, pelas 17h00. A Câmara Municipal convida todos os interessados a assistir.

Com uma carreira de 50 anos na arte de trabalhar o vidro e o cristal, António Esteves é hoje um dos mais notáveis mestres vidreiros portugueses. A exposição “António Esteves, a arte de trabalhar o vidro” apresenta um conjunto de obras que espelham o percurso deste mestre vidreiro ao longo de mais de duas décadas de saber e de talento na arte de fazer vidro.

António Fernando André Esteves nasceu a 1 de julho de 1953, no pequeno lugar da Garcia. Entrou para a primeira classe com 7 anos e 4 anos depois ingressou no primeiro ano do ciclo preparatório, na Escola Comercial e Industrial da Marinha Grande – atual Escola Secundária Acácio Calazans Duarte. Se terminou o primeiro ano com aproveitamento, já no segundo ano reprovou por faltas, o que levou o pai a colocá-lo na Fábrica-Escola Irmãos Stephens.

Começou a trabalhar no dia em que fez 12 anos, como aprendiz de vidreiro, e aqui fez todo o seu percurso profissional. Começou por fechar o molde com vidro, dois anos depois já “colhia marisas”. Paralelamente estudou à noite na escola criada pelo Eng.º Calazans Duarte, onde frequentou o curso de vidraria. Com 17 anos já era quinto ajudante e aos 25 anos tornou-se oficial vidreiro, chefe de uma equipa de 8 elementos.

A sua capacidade e perícia chamaram a atenção do seu mestre: António Lopes, o “Pexino”, que lhe ensinou desde cedo técnicas que só estavam ao alcance de alguns, como fazer jarros e bicos cortados. Tal permitiu-lhe atingir o topo da carreira muito jovem.

Em 1985, no âmbito de um protocolo de intercâmbio, António Esteves estagiou na Suécia, nas empresas “Reijmeir” e “Orrefors”, contactando com um novo ambiente mas o mesmo modo de encarar o vidro.

Em 1987 venceu o prémio de melhor peça de “Artesanato Moderno”, no IV Salão Nacional de Artesanato que decorreu no Casino Estoril. Nesse ano participou numa exposição ao vivo no Fórum Picoas, em Lisboa.

Em 1988 transferiu-se para a Crisal (Atlantis) mas no ano seguinte regressou à Fábrica-Escola Irmãos Stephens, onde desempenhou as funções de monitor vidreiro, garantindo a qualidade e rigor no fabrico das peças em cristal.

Frequentou uma formação financiada pelo Fundo Social Europeu em 1991 e, nesse ano, a convite da administração da Fábrica-Escola, fabricou uma garrafa de seis vinhos em cristal doublé vermelho que foi oferecida a Sua Santidade o Papa João Paulo II, por ocasião da sua visita a Portugal.

Com o encerramento da Fábrica-Escola Irmãos Stephens, em 1992, Esteves passou a trabalhar por conta própria e criou peças para diversas fábricas. Trabalhou um ano na Roquividros e em 1995, a convite do Ministério do Trabalho, foi até à Madeira trabalhar na “Protea – Cristais da Madeira”, onde também prestou formação. Porém, a sua estadia foi curta, dadas as limitadas perspetivas de desenvolvimento da empresa: a inexistência de matéria-prima na ilha e o tipo de peças a fabricar foram decisivos para o destino da fábrica.

Na Madeira conheceu Américo Gonçalves que, ao vê-lo trabalhar, o convidou para integrar um projeto na Marinha Grande: Estúdio Jasmim. António Esteves depressa se entusiasmou pelas características do projeto e aceitou o desafio. Em 1996 iniciou a sua colaboração na “Jasmim Glass Studio” (Vicrimag, S.A.) até ao seu encerramento, em 2010.

Concretizou peças em colaboração com reputados designers e artistas plásticos da Europa, Japão e Estados Unidos, e criou as suas próprias peças, um trabalho que mereceu reconhecimento no concurso promovido pela Vitrocristal, pelos três primeiros prémios que obteve em 1998, um dos quais atribuído à garrafa de oito vinhos que criou.

O ano de 1998 foi marcado pelas comemorações dos 250 anos da indústria vidreira, com a realização de diversos eventos ao longo de todo o ano. António Esteves viu a sua imagem ser selecionada para integrar a coleção filatélica lançada pelos Correios, figurando no selo de 140$00.

A Câmara Municipal reconheceu o seu trabalho e condecorou-o com a medalha de mérito da cidade. As comemorações tiveram o seu auge em dezembro, com a inauguração do Museu do Vidro pelo Presidente da República Jorge Sampaio, que recebeu uma garrafa de seis vinhos fabricada por Esteves.

A sua obra foi reconhecida no 2.º Salão Internacional do Vidro e na 4.ª Bienal de Artes Plásticas da Marinha Grande em 2002.

Recebeu o grau de “Mestre” em 2005, atribuído pelo Crisform, AIC, Câmara Municipal da Marinha Grande, Sindicato do Setor Vidreiro, Sindeq e Stiv.

Em 2010, com o encerramento do Estúdio Jasmim, António Esteves ficou desempregado mas capaz de aceitar o desafio de pegar na cana e criar peças únicas. O seu sonho seria possuir um estúdio de vidro artístico para “esta arte secular não acabar” e a Marinha Grande não cair no esquecimento “como cidade de grandes artistas vidreiros!”.

A mostra “António Esteves, a arte de trabalhar o vidro” ficará patente até 29 de maio de 2016, podendo ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.